“O Brasil não deve nada a outros países no tratamento da doença de Crohn. Temos uma situação muito peculiar de cirurgiões que sabem tratar clinicamente a doença e, ao mesmo tempo, identificar as situações em que se deve operar de forma precoce”. Quem afirma é o Dr. Paulo Gustavo Kotze, cirurgião coloproctologista do Hospital Marcelino Champagnat, que também atua no Hospital Cajuru e é professor da PUC do Paraná.
De acordo com Dr. Kotze, essa característica é essencial para garantir a agilidade e a efetividade no tratamento da doença, que atinge pessoas de diferentes faixas etárias, sendo mais comum em pacientes jovens, dos 15 aos 35 anos.
A doença de Crohn é uma entidade que afeta o sistema digestivo, causando processos inflamatórios crônicos nos tecidos e levando a uma série de complicações. Pode afetar todos os segmentos do trato gastrointestinal, mas é mais comum acometer o íleo e o cólon.
Com sintomas considerados inespecíficos como dores abdominais, febre, diarreia, perda de peso e enfraquecimento, o diagnóstico final frequentemente leva um tempo considerável para ser confirmado. No Brasil, a média para a identificação da doença desde os primeiros sintomas é de cerca de um ano e meio a dois anos.
Ainda não se sabe exatamente o que causa a doença de Crohn, mas já foi comprovada a sua relação com fatores genéticos. “Algumas pessoas carregam alterações em genes que causam pré-disposição para a doença. Esses genes levam ao aumento da permeabilidade do intestino, expondo-o a antígenos da comida, que podem desencadear uma reação inflamatória desenfreada e contínua”, explica Dr. Paulo Kotze.
Tratamento para a doença de Crohn
A doença de Crohn não tem cura, mas o tratamento permite controlar os sintomas e reprimir o processo inflamatório desregulado. Nos últimos 20 anos, foram desenvolvidos medicamentos injetáveis, como os anticorpos monoclonais (drogas biológicas), que revolucionaram o tratamento do Crohn, reduzindo a necessidade de intervenções cirúrgicas, sobretudo nos casos em que não há dano intestinal instalado.
As cirurgias também avançaram e hoje são realizadas por meio de técnicas minimamente invasivas, para tratar quadros mais graves, que envolvem complicações.
Pessoas com o diagnóstico de doença de Crohn devem ter acompanhamento médico especializado contínuo. A disciplina na realização de exames e consultas, e a aderência ao tratamento medicamentoso são medidas fundamentais para o controle da doença.
Além disso, é recomendado que o paciente adote um estilo de vida alimentar saudável, pratique exercícios físicos, evite a ingestão de álcool e pare de fumar. Dr. Kotze lembra que não existe uma dieta específica para pessoas que vivem com a doença de Crohn. “Durante as crises, recomendamos que o paciente não consuma muita gordura, bebidas alcoólicas, excesso de glúten, leite e derivados, porque pode piorar os sintomas. Mas, na fase de remissão, quando a pessoa está bem, ela pode ter uma alimentação praticamente normal”, destaca.
Uma equipe de alto nível
No Hospital Marcelino Champagnat, uma equipe médica formada por experientes e renomados profissionais tem oferecido um atendimento multidisciplinar de excelência para pacientes com a doença de Crohn. Recentemente, o Dr. Paulo Kotze tornou-se o segundo brasileiro a integrar a International Organization For The Study Of Inflamatory Bowel Disease – IOIBD (Organização Internacional para o Estudo das Doença Inflamatórias Intestinais), após votação interna.
“Fazer parte do IOIBD nos coloca em uma posição de relevância nos estudos sobre as doenças inflamatórias do intestino, em âmbito internacional. Contudo, esse não é um mérito pessoal, e sim, o resultado de um trabalho que envolve toda a equipe de coloproctologia dos Hospitais Marcelino Champagnat e Cajuru, composta por profissionais altamente comprometidos como o Dr. Eron Miranda, Dr. Renato Ropelato e Dra. Patrícia Zacharias”, afirma Dr. Paulo Kotze.