Neste artigo, o Dr. Rômulo Torres, cardiologista intervencionista do Hospital Marcelino fala, em detalhes, sobre o procedimento. Confira!
TAVI: a técnica que revolucionou a cardiologia
(por Dr. Rômulo Torres)
O implante por cateter de bioprótese de valva aórtica, mais comumente chamado de TAVI, é o procedimento que permite ao médico inserir uma nova válvula no coração sem necessidade de realizar cirurgia cardíaca com abertura do tórax. Por meio de técnica percutânea, uma pequena punção é realizada de preferência na região da perna e, através desse acesso, o dispositivo é transportado até o local desejado.
A visualização do material dentro do corpo se dá a partir de uma fonte de raio x contínua chamada fluoroscópio. Esse equipamento está presente nas salas de hemodinâmica, onde rotineiramente ocorrem exames de cateterismos e angioplastias.
O procedimento é indicado para casos de estenose aórtica, que consiste na obstrução progressiva da passagem de sangue que sai do coração para o resto do corpo. Esse problema é ocasionado pela degeneração e calcificação progressiva da valva.
Alívio de sintomas e maior sobrevida
O estreitamento pode levar a uma sobrecarga cardíaca e, se não tratado, tem prognóstico semelhante a alguns tipos de câncer, com expectativa de vida entre 2 e 4 anos dependendo da gravidade do quadro. Os sintomas relacionados são falta de ar, dor no peito e desmaios que limitam a qualidade de vida e a longevidade. Não há tratamento medicamentoso que solucione esses casos e, por isso, a correção do defeito da valva é fundamental para alívio do quadro clínico e aumento da sobrevida.
O primeiro caso de TAVI no mundo foi realizado em 2002, na França, pelo professor Alain Cribier e, atualmente, tornou-se a intervenção de primeira escolha para grande parte dos pacientes. Na última década, o desenvolvimento da técnica revolucionou o manejo dos pacientes com estenose aórtica. Melhorias contínuas, tanto nos dispositivos quanto na abordagem, possibilitam que hoje o procedimento seja realizado de forma menos invasiva, sem necessidade de anestesia geral e ventilação mecânica, não deixando cicatrizes cirúrgicas.
Em comparação à cirurgia convencional aberta, observamos redução no tempo de hospitalização e permanência em unidade de terapia intensiva além de menor incidência de complicações como insuficiência renal, sangramentos e arritmias. Pelo caráter menos traumático, é possível caminhar nos primeiros dias após o procedimento e retornar as atividades habituais de forma mais rápida.
Cuidado especializado
Todos os casos indicados para receber o tratamento passam por análise detalhada com exames como ecocardiografia e angiotomografia cardíacas, além da discussão clínica entre um time de especialistas nas áreas de cardiologia intervencionista, cirurgia cardíaca, cardiologia, imagem cardiovascular e anestesiologia. É fundamental realizar uma avaliação criteriosa do estado clínico, dos dados anatômicos, levar em consideração a opinião do paciente e a experiência da equipe envolvida.
O Hospital Marcelino Champagnat conta com especialistas dedicados no tratamento percutâneo de valvas cardíacas, além de equipamentos para exames de imagem cardiovascular, equipe de cardiologia e unidade de terapia intensiva cardíaca 24 horas por dia.
É importante que os pacientes com defeitos valvares recebam atenção especializada desde o início do quadro, durante a intervenção até o seguimento pós-operatório intra e extra hospitalar. Essa abordagem envolve diferentes esforços no atendimento aos pacientes, com a intenção de proporcionar o melhor tratamento em todas as etapas, sempre priorizando a segurança e os melhores resultados.